segunda-feira, 21 de julho de 2008

Monólogo entre paredes

Escrevo porque me dói o estômago e, talvez, escrevendo a dor passe.
Porque tenho um descontentamento manso,
que quando canso
tenho que despejar.
Pessoas, pessoas, pessoas,
aqui, ali, acolá.
Dedinhos, mãozinhas, dentinhos...
Pessoas, pessoas, pessoas.
Monstrinhos...
Não há lugar como nosso lar, já dizia Doroty.
“Gregor? Não estás bem? Precisas de alguma coisa?”, Kafka.
“É praticamente incrível quantos motivos de riso e de diversão diária os pobres homens oferecem aos deuses”, Erasmo de Rotterdam.
Pobres, no sentido literal e figurado da palavra,
nenhum abrigo do mundo.
Realmente coxos,
mancos,
mansos,
esse seres que ficam a se arrastar.
Cactos.
Sequóias.
Tramóias puras.
Sapos.
Meninos.
Macacos.
.
.
imagem: Berthe Morisot

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