sexta-feira, 15 de maio de 2009

Quem atrasa um dia chega


Aqui no Guilherme, eu descobri o que é tomar um tacho de café, sim, porque isso não é uma xícara é quase uma jarra, uma panela. E eu, é claro, todas as vezes, encho até a borda como se fosse o último café de minha vida. Culpada a xícara, culpada eu, culpados o Gui e o João que adquiriram tal louça.


Pensei em comprar uma fantasia de rato, com grandes orelhas e um rabo compriiiiiiiiiiiiido. Pensei em me chamar Onofre, porque Onofre é um bom nome para um rato. Pensei em me esconder em cantos escuros e fugir das pessoas. Pensei em morder quem chegar perto. Pensei que sou louca e mudo mais de idéia do que de células da epiderme. Pensei que eu brinco sem querer com coisas que não se deve brincar, como o fogo.


No meio de mil medos, posso sobreviver me dêem apenas um minuto. Um minuto para fugir daqui, para virar lenda, pois eu tenho medo e ninguém pode fazer nada. E preciso ir ao supermercado comprar adoçante, mas não quero ver ninguém, falar muito menos, pedir licença, agradecer nem sob pena de morte. Começo a temer atravessar as ruas, e não sei o que me assusta mais: as pessoas ou uma guerra biológica.


Também posso obter uma armadura ou um tanque de guerra (de certo me sentiria segura em um), posso pegar um navio pra bem longe, morar numa ilha deserta e conversar apenas com passarinhos. Posso envenenar toda a humanidade com minhas palavras, e escrever pra ninguém sem nenhum propósito. Mas, por incrível que pareça, me sentiria sozinha. Confesso, sou uma contradição ambulante. Falta de opinião própria? Excesso de idéias (furadas ou não)? Exagero de ócio? De ópio? De tudo que é impróprio?


Eu não sei o que falar, e minhas teorias não servem para confortar nenhuma pessoa. Portanto, por favor, não me peça opinião, eu não a tenho, ou tenho muitas concomitantemente, ainda não descobri bem o caso, mas eu realmente NÃO sei o que dizer sobre isso que você quer saber. Definitivamente não faço a mínima idéia da época de migração das gaivotas e nem quando começa o solstício de verão. O que tenho nos meus bolsos é um isqueiro para acender cigarros, incensos e velas.


Não sei o que acontece no mundo, não leio jornal, não vejo as notícias. Não quero saber das minhas revistas que se amontoam ainda empacotadas ao lado da porta. Que uma pandemia leve todos, menos eu e os meus. E quando eu me sentir só, que um bom livro me baste.

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imagem:Jean Beraud

2 comentários:

JokaMadruga.com.br disse...

Eu vou comprar uma ratoeira... :D

Siguilita disse...

minha mae...
uma ameaça de morte :/
haha