Em um reino distante, cerca de cinco mil quilômetros de qualquer lugar, uma princesa quis ser pirata porque a vida de princesa era chata. Numa bela noite, quando todos comemoravam, dançando, bebendo e cantando o aniversário de suas irmãs mais novas, belas gêmeas siamesas, ela fugiu.
Como?
Mais tarde, espiões da rainha descobriram que com a colaboração de monges Hare Krishna que estavam de passagem. E a próxima informação foi só a de que a princesa já se encontrava em alto mar.
Enquanto a família se desesperava, mandava pelotões de busca, tropa de fuzilamento e soldados pelos quatro ventos, Bebel ainda dentro dos muros da cidade estava. Acontece que a informação sobre os monges era falsa, foi só o que um pobre homem pode inventar sob as torturas da guarda real. Na verdade, ela se foi de Finduntópia dois dias depois com um circo que tinha encerrado sua temporada por ali. Fez amizade com os artistas e partiu como ajudante de palhaço. Foi por isso, pela roupa de palhaço que os ajudantes também usam, que não foi reconhecida pelos guardas no portão da cidade. E também é por isso que não podemos diferenciar palhaços e ajudantes de palhaços, eles se vestem “iguais”.
Viajou em caravana com a trupe por cerca de um mês até chegar ao primeiro porto. Despediu-se do homem bomba, da mulher barbada, dos malabaristas, dos adestradores, dos palhaços e partiu, ou melhor, e ficou, já que quem continuou a viagem foram eles.
Por que o mar?
Nem Bebel sabia por que, porque escolhera a esmo para fazer alguma coisa, poderia ser também uma viagem ao deserto do Saara ou pular de pára-quedas. Entretanto, sabe se lá por que lá foi ela ser pirata.
O primeiro passo? Qual seria o primeiro passo? Procurar um pirata e se apresentar como desejosa de um cargo? Foi com essa idéia incrustada na cabeça, que tropeçou numa velha garrafa. (Se o pensamento teve a ver com o tropeço, não se sabe...)
- Oh, não poderia ser, mas quem sabe, será possível...
Mas não, não saiu um gênio de dentro da garrafa, o que ela podia ver era um líquido estranho escuro e gosmento como lama podre.
- Credo, que nojo, o que seria aquilo?
E já se preparava para arremessá-la longe quando surgiu uma bruxa correndo e gritando:
- PARE.
Bebel certamente parou. Não via bruxa como aquela todos os dias, toda de preto, com uma capa de bruxa, um chapéu tão velho que causava medo, uma gigante verruga bem na ponta de seu gigantesco e pontudo nariz e (minha nossa!) tinha até vassoura! Bebel estava extasiada, queria um autógrafo, pero conseguiu se conter.
-Pare já, mocinha, isso me pertence!
Muda e impressionada, Bebel estendeu a garrafa em direção a bruxa antiquada. A qual arrebatou bruscamente (não seria redundância?) sua suposta poção mágica e virou fumaça.
- Realmente acontecem coisas estranhas na vida, disse Bebel para seus botões.
Foi quando um deles respondeu:
- É verdade.
Moral da história: Não misture pílulas desconhecidas com bebidas alcoólicas
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imagem: http://niilismo.net/
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