terça-feira, 14 de agosto de 2007

Poesias e políticas

Sempre me parece que chove quando observo o mundo aqui de dentro. Não nego claro, que a chuva varia, um dia caem estrelas, no outro sapos do brejo e às vezes –sim porque não- chove chuva mesmo, aquela d’água, que mata a sede e o afogado. Creio que a chuva possui certo grau de parentesco com o amor, ambos cometem crimes e no excesso os dois sufocam. Assim como muitos dias seguidos de chuva cansam, o mesmo amor todos os dias também enjoa.
É assim mesmo, em tempo de seca o desejo é pela chuva, em época de chuva o sonho é pela solidão. E quando choverem cometas você certamente vai querer qualquer outra coisa que não sejam cometas. O homem é incontentável, alguns menos, outros mais, mas todos com um medo enorme de perder os sabores que suas breves vidas oferecem.
Não conheço nada de nada para ter a pretensão de estar sentenciando questões. Suponho, apenas suponho e vou passar a vida toda supondo, sobre o amor, sobre a chuva, sobre a dor. Mas ao contrário da maioria, jamais tentei que minhas opiniões fossem tidas como leis e regras a serem seguidas. O que penso necessita essencialmente de respeito, e talvez mais tarde, para aqueles que quiserem adesão. Infelizmente, as pessoas ainda não compreenderam bem a importância dessa palavra, ou melhor, desse ato. Da mesma maneira que os espanhóis , não levaram em consideração a cultura dos povos latinos, o amarelo ignora o modo do ver do azul, e os norte-americanos de todo o resto do mundo.
Aqui desse lado, entre as paredes do meu quarto e sob a minha pele tenho anseios. Gostaria que chovessem flores, milhares de gardênias, hortênsias, margaridas e gira-sóis, sobre essas cabeças cheias de cabelo e tão vazias de idéias; almejo que de nenhuma forma uma nação domine, subjugue e influencie outras, a ponto destas perderem sua identidade; rezo ao deus do bom senso para que as criaturas humanas saibam usar as poucas, mas boas influencias, que a religião pode lhes dar, e assim aceitar o próximo em vez de decretar cruzadas ou guerras santas em nome de nada que possa mudar o presente. Sonhos vãos? Talvez...
O dia que chover eu, ao cair do céu certamente vou morrer. Braços, pernas, alfinetes, flautas, árvores, cantis, soldados armados, violetas ensangüentadas, idéias, espalhados pelo chão. E tem quem ainda pensa que vai para lá. Não sei, suponho, mais uma vez, ser mais garantido resolver os seus problemas por ora, pensar no agora, só “pra variar”.
É tão simples achar discursos prontos -dos jardins as casas de chá- transbordando de bons conselhos e modos de conduta para a humanidade, parece que sabem de alguma coisa, grande piada, vão morrer todos cheios de pseudo-verdades. Pastores, Papas ultrapassados, velhas mal comidas, caretas enrustidos, e religiosos de plantão todos com suas cargas ideológicas e “reprimedologicas”, parabéns. Parabéns pela força de manter os olhos fechados e os ouvidos tampados mesmo diante de tantos fatos que comprovam a ineficácia e a injustiça de suas políticas de dominação. As quais são baseadas em pseudo-certezas que usam como droga durante suas existências, igualzinho a um dependente químico, com a diferença que este possui dignidade suficiente para não tentar arrastar seguidores ao fundo do poço.
Aguardo pelo dia em que finalmente todos se cansem de esperar, que vida mude; que o país progrida; que o quintal varra-se sozinho. Pensar com o próprio cérebro é ótimo, e sempre é tempo de iniciar. Novos conceitos são capazes de gerar força onde não há, olhos recém nascidos mostram visões antes escondidas sob a imutabilidade dos velhos sentimentos ignorantes. E assim, tudo evolui, do individuo para a coletividade.

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