segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Baladinhas de Carnaval



“Não, ninguém compreende ninguém,

seja lá o que se pensa,

seja lá o que se diga, o que se tente..”Guy Maupassant


Esse espelho bem na sua frente será alguma forma de afronta para que ela nunca esqueça que mal sabe quem é? E pior, muito pior, porque dela ainda sabe um bom tanto, entretanto tudo que aparece ou não ao seu redor, isso sim lhe é estranho.

Todo esse “mundo de gente” para que serve cada um? Alguns servem para qualquer coisa, já a maioria, uma multidão sem tamanho de seres humanos não serve para nada. Ficam aí, fazendo volume, ocupando espaço, produzindo lixo.

E você pergunta se Camila quer uma cerveja, ela quer é encher a cara, desmaiar, e não dormir. Não sonhar com aquele homem de moto que invade sua casa atirando e a atingi com três tiros, três pressões no gatilho, três disparos, três toques de telefone para acordar e perceber que de certa forma a morte é estar viva.

Enquanto o sol vai embora em quem você pensa? Quem você gostaria de segurar a mão? De quem você espera um abraço? Não espere de ninguém. Camila já aprendeu a lição, já chorou, esperneou e de nada adiantou, a vida continua ingrata, os gatos pardos e os homens parvos.

Não tem como evitar as formigas que levam o açúcar do pote, um formigueiro inteiro a passa para trás e ela não tem para quem contar. Visto que ninguém nunca entenderá o que verdadeiramente deseja dizer para que gastar seu tempo, perder seus anos? Para constatar mais uma vez o mesmo de sempre, tão mesmo que ela se nega a pensar. Se existisse algo capaz de fazer essa dor não dor passar, a cura não cura seria bem vinda, escrevo porque sei, porque posso ouvir seus pensamentos.

Há quem consiga beber para deixar de achar todas as pessoas desinteressantes e chatas, há quem seja desinteressante e chato, há quem merece ser empalado de tão chato. Mas, enfim, no fim ninguém tem o mapa, e você pode andar por séculos que nadie vai encontrar. Mas, enfim, no fim o que se pode fazer?

Esse texto triste é para compensar os abusos que o álcool carnavalesco permite aos nossos cérebros amortecidos e corpos sem destino:

- Tudo bem galera, no carnaval e outros feriados vale o antes mal acompanhado...

Imagem: Edgar Degas

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