Fica ficando nessa bagunça de nada com nada, tudo com tudo, mais ou menos com sei lá.
E você já não sabe se quer tudo ou mais ou menos ou coisa nenhuma.
Sei, o que te acalma é essa brisa que vem de longe somente para atingir o teu olfato, teu paladar, eriçar teus pêlos, fazê-la sorrir. Você fica ai querendo viver por osmose daquilo que está longe e atropela todos sem ver ninguém.
Sei, você respira, absorve e veste o cheiro de mato, de pirâmides, de infinito.
Esse vestido coberto de estrelas é tão belo e solitário.
Posso vê-la passar por minha rua cercada de abelhas.
Mil? Duas mil?
Quantas ABELHAS protegem você?
Vejo que procura algo o tempo todo, todo o tempo, atrás dos arbustos, embaixo das pedras, em tipos estranhos como nós. Às vezes sabe o que é e às vezes não, um dia esquece, no outro desiste e no próximo recomeça da parte em que acredita ter parado. Mas a certeza nunca existe, para ninguém, para nada.
Sei, acima de tudo você segue, em frente, para o lado, em diagonal, como lhe convir, sem parar, porque o mundo não para, o bonde não espera, e DERREPENTE NÃO MAIS QUE DERREPENTE é fim do ano de novo e mais um temporada se foi.
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imagem: Naoto Hattori